sábado, 26 de setembro de 2009

Vida rural em miniatura.


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Vacaria é um município gaúcho grande produtor de maçãs. É domingo, mas na garagem de uma casa tem gente trabalhando. A garagem foi transformada em oficina.

Seu Pedro tem como passatempo fazer miniaturas em madeira e vem ganhando fama na cidade.Teve infância na roça e quando veio pra cidade trouxe junto um pouco do sítio. No quintal de casa tem pé de araçá, jaboticabeira, plantio de abóbora, feijão, milho. Na escola, foi só até a terceiro ano primário, como se dizia.

“Nos tempos de criança, como era muito difícil o pai comprar brinquedo, a gente fazia, pegava uns pedaços de madeira e transformava em caminhão, carroça, então peguei este gosto pela madeira desde criança”, conta ele.

Como as peças do seu Pedro, apesar de miniaturas, são bem grandes, foi preciso procurar um espaço onde elas pudessem ficar guardadas. As réplicas deixaram então o porão da casa e vieram para um prédio, onde funcionava um antigo moinho de trigo. O espaço acabou virando uma espécie de exposição.

Seu Pedro é o nosso guia nessa exibição que conta um pouco da história da vida rural.

“Tem a tafona de mandioca tocada com tração animal. Tem a parte da lavagem e depois de descascada, lavada, ela ia para ladeira, pra prensa e depois para a secagem”, diz ele.

Na serraria, em miniatura, a madeira é cortada de verdade, mas bem devagarzinho. O soque de erva-mate garante o chimarrão do gaúcho. “Primeiro é secado depois quebrado para depois ir para o soque. Ela só fica boa pro chimarrão socada no soque”, conta seu Pedro.

Para fazer o moinho de vento seu Pedro se baseou em fotografias. Nos diferentes níveis, as engrenagens, as pedras do moinho, a peneira, e o produto final, a farinha. “Tem o motor de máquina de lavar roupa com redutor de portão eletrônico”, conta ele.

De todas as peças a que levou mais tempo pra ficar pronta foi um outro moinho. “Para ele estar trabalhando 100% levou mais de quatro anos. Tem ganchos, regulagem da água, levanta e abaixa, para mais ou menos água”, conta ele. Ele conta que quando era criança, com cinco anos, o pai montou um original. “Esse eu conheci bem”, diz ele.

Tem também a ferraria, o engenho de cana, o monjolo e uma igrejinha. “É a terceira igrejinha que eu faço. Eles desativam aquelas igrejas antigas e então eu faço a réplica das atuais e dou de presente, não vendo. Não vale a pena construir pra ganhar dinheiro. Eu tenho que construir por prazer e pro pessoal mostrar pros filhos, pros netos. Procuro fazer a original que é para ficar na história”, conta.

Apesar daquele espaço não ser aberto à visitação, ele diz que pode mostrar seu trabalho se alguém se interessar. Basta perguntar por ele lá em vacaria. Todo mundo o conhece.

Reportagem exibida pelo Globo Rural em Setembro/2009.
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